Neste Artigo:
- Introdução
- Câncer de Cólon e Tubo Digestivo
- O Que Causa o Câncer de Cólon?
- Câncer de Cólon e Hereditariedade
- Câncer de Cólon Familiar – Síndromes Familiares
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O câncer de intestino grosso, também chamado câncer de cólon, atinge um enorme número de pessoas em todo o mundo, estando juntamente com os cânceres de pulmão e mama, entre os três cânceres mais freqüentes no mundo ocidental. Na maioria das vezes (90%) ele ocorre após os 50 anos, aumentando progressivamente sua incidência principalmente após os 60 anos e atingindo seu pico aos 75 anos de idade. Têm-se descoberto alguns fatores responsáveis pelo seu aparecimento como dieta rica em gordura animal e pobre em frutas e vegetais. O restante dos casos (10%) está relacionado com doenças familiares hereditárias transmitidas geneticamente.
Introdução
O texto que se segue enfatiza os procedimentos de rastreamento nas famílias que possuem pessoas afetadas por síndromes familiares hereditárias, o que tem diminuído consideravelmente a mortalidade dessas pessoas. Embora pareça ser um número relativamente pequeno, 10% de 570.000 (número de casos novos de câncer de cólon por ano somente nos EUA) são 57.000 casos que poderiam ser evitados ou tratados quando ainda em tempo hábil.
Câncer de Cólon e Tubo Digestivo
O câncer do intestino grosso (CA de cólon) é a doença maligna mais freqüente do trato gastrintestinal ou tubo digestivo, que é formado pela cavidade oral, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e intestino grosso. Outros órgãos como o fígado, vesícula biliar e pâncreas também têm importantes funções digestivas, estando por isso, inseridos nesse sistema, apesar de não fazerem parte do tubo digestivo propriamente dito. O CA de cólon, de pulmão e de mama são os três tipos de câncer mais comuns na maioria dos países do mundo. O CA de cólon conta com 570.000 casos novos por ano somente nos EUA, sendo muito comum principalmente no mundo ocidental.
O Que Causa o Câncer de Cólon?
Existem dois grandes grupos em que são divididos os tipos de CA de cólon. Tal divisão é feita através das causas mais prováveis em cada um desses grupos. No primeiro grupo estão aquelas doenças genéticas hereditárias que levam a modificações nas células do intestino grosso, predispondo-as às transformações malignas. Elas são responsáveis por cerca de 5% a 10% dos casos. Neste grupo, existem várias síndromes familiares. São doenças que se manifestam geralmente na segunda década de vida, com sintomas intestinais ou em outros órgãos. Na grande maioria dos casos, há várias pessoas dentro de uma família com a doença. No outro grupo estão os casos não hereditários. Representam cerca de 90% de todos casos de CA de cólon. As causas, nesse grupo, estão sendo amplamente estudadas, sendo que até o momento, além das causas genéticas, parece ser a dieta um fator de extrema importância. Assim, sabe-se que uma dieta rica em gordura principalmente animal está relacionada com o desencadeamento da doença. Alimentos como fibras vegetais, frutas e fibras solúveis têm sido consideradas como protetores do intestino grosso. A idade também tem uma grande relação com a ocorrência dessa doença, sendo que há um crescimento do número de casos após os sessenta anos com pico em setenta e cinco anos.
Câncer de Cólon e Hereditariedade
Antes de 1990, o papel dos fatores hereditários como causa do CA de cólon em adultos era pouco conhecido e por isso pouco interessava aos médicos e pesquisadores. Na última década, tal interesse tem crescido e a descoberta de genes responsáveis por várias doenças dentro desse grupo tem possibilitado um maior rastreamento de famílias que possuem um alto indício de suspeição. Entretanto, apenas um pequeno número de famílias encaminhadas para exames genéticos tem alterações nos genes até então descobertos. Outro fator limitante é o custo e disponibilidade de se fazer estudos desse tipo em todas as famílias indicadas. Por isso, há uma necessidade de distinguir as famílias que precisam de consultas especializadas, através de aspectos clínicos, ou seja, através da história familiar e da dos sintomas do paciente. Um estudo resumindo tais aspectos foi realizado pelos Drs. T. R. P. Cole e H. V. Sleightholme, do Departamento de Genética Clínica do Hospital da Mulher de Birmingham, EUA. Tal estudo foi publicado na revista médica British Medical Journal, em outubro deste ano, cujo resumo será exposto no texto abaixo.
Câncer de Cólon Familiar – Síndromes Familiares
Como já foi dito acima, existe um grupo de doenças familiares transmitidas geneticamente que predispõe ao CA de cólon. Nessas famílias é de extrema importância um aconselhamento genético para que se possa prevenir a doença em todos seus membros. Quando possível, os tumores operados devem ter sido estudados microscopicamente. Outro fator importante e que deve ser sempre exposto aos familiares é que independente da história familiar de CA de cólon (a não ser que existam casos em ambos os lados), uma pessoa terá sempre uma chance 50% maior de não ter a doença.
A poliose adenomatosa familial (PAF) é a síndrome colorretal familiar mais facilmente reconhecida mas corresponde a apenas 1% dos casos familiares, ocorrendo em 1 em cada 100.000 pessoas. Essas pessoas têm centenas de pequenas lesões benignas (pólipos) em todo o intestino grosso que vão se transformando em câncer por volta dos 30 anos de idade. Geralmente essas lesões são diagnosticadas na adolescência. Podem ocorrer outras lesões em outros órgãos como estômago, pâncreas, tireóide, fígado e retina. Os filhos de pessoas com essa doença têm 50% chance de possuir as alterações genéticas responsáveis pela mesma. O diagnóstico de PAF leva à necessidade de se fazer uma história familiar minuciosa, sendo que os pais deverão fazer uma colonoscopia e os irmãos deverão ser submetidos à mesma anualmente até 40 anos de idade. A descoberta do gene responsável por essa doença facilitou muito seu rastreamento. Assim, todos os parentes de primeiro grau da pessoa acometida devem fazer testes genéticos, sendo que aqueles que não possuírem tal gene ficam dispensados de futuras análises, enquanto os portadores do gene deverão ser seguidos com sigmoidoscopia anual a partir dos 12 anos. Quando na presença de pólipos, deve-se marcar a data e tipo de cirurgia que consta na retirada de todo ou quase todo o intestino grosso. Com o acompanhamento clínico regular e o advento da investigação molecular, há a possibilidade de se evitar a morte de quase todos os pacientes com PAF.
Câncer de cólon hereditário não-polipóide é uma síndrome com manifestações extra-intestinais como tumores ginecológicos, do intestino delgado e trato urinário. A proporção desses tipos de CA de cólon é de cerca de 1% a 2%. O diagnóstico dessa síndrome é feito através da história familiar pois a aparência do intestino grosso não sugere a doença como é o caso da PAF. Em seguida seguem alguns critérios:
- três ou mais casos de CA de cólon em no mínimo duas gerações;
- um indivíduo portador deve ser parente de primeiro grau de dois ou mais portadores;
- um caso deve ser diagnosticado antes dos 50 anos de idade;
- o CA colorretal pode ser substituído por CA de endométrio ou de intestino delgado;
- PAF deve ser excluída.
A literatura médica disponível até o momento sugere o rastreamento de CA de cólon em pessoas portadoras dessa síndrome. Isso tem sido feito através da colonoscopia a cada 2 a 3 anos em portadores dos genes até agora descobertos como responsáveis.
Há outras síndromes mais raras que as duas anteriormente citadas. No entanto, o número de famílias com história de CA de cólon mas que não se enquadram em nenhuma dessas síndromes é muito maior e muito mais difícil de se fazer um acompanhamento específico. Há dificuldade em se compreender a razão da presença de casos de CA de cólon agrupados nessas famílias, o que muitas vezes é considerado como coincidência. Pode-se pensar, no entanto, em exposição ambiental aos mesmos fatores. Abaixo segue uma tabela de risco de CA de cólon com relação ao número de parentes acometidos.
- Um parente de primeiro grau acometido (qualquer idade) = 1 em 17
- Um parente do primeiro grau e um do segundo grau acometidos = 1 em 12
- Um parente do primeiro grau acometido (idade < 45) = 1 em 10
- Dois parentes do primeiro grau acometidos = 1 em 6
- Geneticamente Autossômico Dominante = 1 em 2
Existem muitos protocolos tentando otimizar um rastreamento desses pacientes, mas nenhum conseguiu o fazer com consistência. O desenvolvimento de maiores pesquisas e informações a respeito desses casos vai, no futuro, proporcionar tal tipo de abordagem.
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