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sexta-feira, 13 de março de 2009

Vida depois do câncer



Eles renasceram ao vencer uma doença assustadora. Para debelar o tumor maligno que tomava seus corpos, pacientes se apegaram a Deus ou a crenças que os fizeram confiar na melhora. Conheça a história de força de algumas dessas pessoas
Daniela Guima
Da equipe do Correio


‘‘Não me lembro de ter passado por um momento tão emocionante na minha vida quando, num determinado momento do tratamento, fui envolvido pelo maravilhoso e empolgante sentimento de que Deus estava comigo. Não se tratava de uma simples esperança de sobrevivência. Era alguma coisa mais forte e que chegava a me transmitir a certeza de que, mesmo que a minha hora estivesse chegando, eu não estaria só.’’
Paulo Tarcísio Cavalcanti,
autor do livro Câncer: reflexões de um sobrevivente


Jaqueline, Silvana e Ivo poderiam ser considerados, por muitos, pacientes terminais a um passo da morte. Eles contrariaram as expectativas porque conseguiram forças para superar a tragédia. Acima de tudo, acreditaram na capacidade de viver. A notícia de que tinham um tumor maligno — um câncer — tornou-se matéria-prima para a fantástica descoberta do poder interior. Aquele poder, capaz de derrubar medos e vencer desafios. Aquele poder que tira da doença o peso de uma sentença de morte.
Foi assim que, um a um, conseguiram se curar. O apoio da família, dos amigos, dos companheiros foi parte importante da conquista. ‘‘Além disso, é preciso que o paciente seja engajado e otimista. É certo que com os pessimistas o tratamento é mais difícil’’, avalia a oncologista clínica, Estela Mosquera. Nessas pessoas, muito mais forte que o pensamento positivo é a fé. De alguma forma, a possibilidade de morrer a qualquer momento desperta o contato com um ser superior — independente da religião de cada um.
Para muitos, pode ser Deus. Para outros, vida, universo, natureza. A certeza de não estar só reforça o desejo de cura. A eficácia da fé é contestada pelos descrentes, mas para a maioria dos sobreviventes do câncer é uma verdade. O mais importante é que a história dessas pessoas mostram que é possível superar a doença.




Antonio Siqueira
A vitória sobre a doença levou Jaqueline a ser mais feliz em todos os momentos e lugares

Jaqueline Almeida Paz
22 anos, estudante de Administração na
Universidade de Brasília

Ela não sentia dores ou qualquer outro sintoma que denunciasse a presença do linfoma (câncer no sistema linfático) que surgiu em seu corpo. Em abril de 2000, Jaqueline acariciou seu pescoço e sentiu com a ponta dos dedos, a presença de uma bola sob a pele. Esperou um mês para ver se passava. Só então buscou ajuda médica. Depois de vários exames, a biópsia apontou que se tratava de um tumor maligno. O choque foi muito forte, e a moça chegou a negar a doença por algum tempo. ‘‘Logo depois me dei conta de que na minha família há muitos casos de câncer’’, diz Jaqueline. Foram dez meses de tratamento intenso — 12 sessões de quimioterapia e outras 20 de radioterapia. O cabelo caiu, sentiu enjôos e cansaço. Durante o tratamento, procurou levar uma vida normal e não escondeu o fato de ninguém. ‘‘Ainda existe muito preconceito. As pessoas pensam que quem tem essa doença vai morrer na certa. Mas tem muita gente que se salva’’. A notícia de que já não havia mais tumor veio em fevereiro do ano passado, mesmo antes das sessões de radioterapia. ‘‘Desde o início eu tinha certeza de que iria ficar curada, certeza mesmo. Pois acredito muito em Deus’’. Segundo ela, o grande segredo é não se identificar com a doença. É encará-la como algo que não faz parte de você. ‘‘Também é importante encarar o tratamento numa boa, e não deixar que o problema tome conta da nossa cabeça’’, ensina. O apoio dos familiares, namorado (com que está até hoje) e amigos fez toda a diferença. A lição que ficou? Jaqueline diz que aprendeu a ser mais feliz em todos os lugares e situações. ‘‘Agora cultivo apenas sentimentos que são bons e me fazem bem’’. Hoje, Jaqueline espera a chance de voltar a trabalhar na Companhia de Água e Esgoto de Brasília (Caesb) — local onde trabalhava na época em que descobriu o câncer e pediu demissão. ‘‘Seria maravilhoso voltar a trabalhar no lugar onde tenho muitos amigos’’, diz.




Edson Gês
Curado de um tumor no intestino, Ivo aprendeu a viver com mais amor, sem pensar na doença

Ivo de Meira Lima
74 anos, aposentado e voluntário de uma instituição filantrópica

A história de Ivo foi rápida como um relâmpago. Num fim de semana em novembro de 1989, sentiu uma constante sensação de que estava com má digestão, como se estivesse ‘‘cheio’’ o tempo todo. Não havia dor alguma, mas era muito incômodo. Na segunda-feira foi ao médico que, ao apalpar o abdômen, detectou uma área muito endurecida. Fez ecografia, radiografia e muitos outros exames. ‘‘Eu perguntava o que tinha que fazer e dizia: então vamos fazer!’’, lembra. Na mesma semana, Ivo entrou na sala de operação. ‘‘O impacto foi tão grande que mal pude processar o que estava acontecendo’’, diz. Os médicos retiraram 40 centímetros do intestino grosso em tempo de evitar que o câncer atingisse todo o órgão. A biópsia feita no tecido retirado confirmou a malignidade do tumor. ‘‘O mais estranho é que eu não tinha nenhum sintoma anterior, nada’’, lembra. Ivo não fumava e se alimentava bem. Logo depois, procurou um oncologista e, felizmente, não teve que fazer quimioterapia ou radioterapia. Mas até hoje — 12 anos depois — ele faz controle anual para verificar se está tudo bem. Para Ivo, o melhor conselho para quem já teve o problema é relaxar e manter a cabeça numa boa. ‘‘As pessoas não podem ficar pensando que a doença vai voltar a qualquer hora. Elas têm é que se ocupar e ser felizes’’, recomenda. Para ele, a receita é confiar na equipe médica e em Deus. ‘‘É ele que comanda tudo mesmo’’, brinca. Ainda explica que o melhor aprendizado foi passar a ter uma dimensão maior e mais exata do significado da vida. ‘‘Passei a viver com mais amor. Afinal de contas, estamos aqui de passagem’’, diz.




Acácio Pinheiro
Lucas nasceu cinco anos depois que Silvana descobriu o câncer

Silvana Sampaio de Oliveira
32 anos, servidora pública

O tamanho do linfoma (câncer no sistema linfático) que surgiu em Silvana era impressionante — três quilos em forma de um punho fechado. Ele nasceu no vão que existe no tórax entre coração, pulmões e vias respiratórias. Mesmo assim, ela não sentia dores ou incômodos fortes. Apenas uma insistente sensação de cansaço e o inchaço na veia aorta (ao lado do pescoço) chamaram a sua atenção. Foi em dezembro de 1996 que Silvana procurou o primeiro dos seis médicos que precisou visitar para descobrir o diagnóstico. Três meses depois conheceu o motivo que estava lhe causando cansaço — um câncer bem no meio do peito. Os médicos ficaram surpresos com o tamanho do tumor e com o fato de Silvana ainda estar respirando. Ela diz que chegou a sentir um alívio naquele dia, pois descobrira finalmente o que era o problema. ‘‘Sinto que saí curada do consultório no dia em que soube da notícia. Só queria começar a fazer o tratamento logo’’. Naquele mesmo mês, iniciou as sessões de quimioterapia e radioterapia que duraram cerca de seis meses. Na época, estava noiva e de casamento marcado. Casou-se como havia planejado, mas com um pequeno detalhe: na cerimônia, usou uma peruca castanha para disfarçar a queda de cabelos. ‘‘Só usava a peruca na rua. O meu marido adorava e quando eu chegava em casa, ele arrancava a peruca e ríamos muito’’, brinca. ‘‘Ele me abraçava, beijava e me achava linda daquele jeito. Isso me ajudou bastante’’. Silvana diz que o grande aprendizado que teve com a doença foi confiar em Deus. ‘‘É claro que fiz a minha parte e segui o tratamento direitinho’’, explica. ‘‘Também passei a viver melhor, a aproveitar mais a vida e a dar valor para as coisas que realmente importam.’’ Há um ano, Silvana teve o filho Lucas. O menino esbanja saúde e alegria. ‘‘É muito bom estar aqui para viver esse momento’’.


Maus hábitos são vilões

Alguns tumores têm relação direta com ações do dia-a-dia. Em vez de negligenciá-las, devemos encará-las como perigosas. Fumar, ter alimentação desregrada, abusar do sol e beber sabotam o bom funcionamento do corpo


As pessoas que fumam podem ter câncer nos pulmões e garganta

Ao nos depararmos com o câncer, o trauma é tamanho que quase nunca nos lembramos de que podemos, sim, ter sido em parte responsáveis pelo problema. Os maus hábitos adquiridos ao longo da vida se transformam em verdadeiras armadilhas em nosso próprio corpo. Os maiores vilões são o cigarro e a obesidade. Trinta por cento das mortes por câncer no país têm neles a origem.
O cigarro pode provocar tumores nos pulmões, laringe, garganta, bexiga, rins, entre outros. A obesidade aumenta as chances das pessoas terem câncer de mama, cólon, reto, próstata, útero, ovário e intestino delgado. Sedentarismo, uso de bebidas alcóolicas, alterações genéticas e exposição a certos vírus levam a um quadro de risco.
O câncer que mais acomete os brasileiros também entra nesse rol. Todos os anos, cerca de 55 mil pessoas desenvolvem algum tipo de tumor maligno na pele. Também nesses casos, vêm à tona descuidos dos próprios pacientes. O principal deles é expor-se, sem qualquer ou pouca proteção, horas a fio ao sol das 10h às 14h, quando os raios ultra-violeta são mais agressivos. (DG)


COMO EVOLUI A DOENÇA
Infografia mostra o desenvolvimento de um tumor


LEIA AMANHÃ
Sobre prevenção e diagnóstico precoce do câncer



Tira-dúvidas/Câncer

O que causa o câncer?
O câncer pode ser causado por fatores externos (substâncias químicas, irradiação e vírus) e internos (hormônios, condições imunológicas e mutações genéticas). Esses fatores podem agir em conjunto para desencadear o processo da doença. Em geral, dez ou mais anos se passam entre exposições e mutações e o surgimento do câncer.

É hereditário?
Em geral o câncer não é hereditário. Existem apenas alguns raros casos que são herdados, tal como o retinoblastoma, um tipo de câncer de olho que ocorre em crianças. Mas existem alguns fatores genéticos que tornam determinadas pessoas mais sensíveis à doença, o que explica porque algumas delas desenvolvem câncer e outras não. As causas genéticas também explicam por que vários membros de uma mesma família desenvolvem a doença.

É contagioso?
Não. Mesmo os cânceres causados por vírus não passam de uma pessoa para a outra por contágio. No entanto, alguns vírus capazes de produzir câncer podem ser transmitidos no contato sexual, em transfusões de sangue ou por seringas contaminadas utilizadas para injetar drogas. Exemplos: vírus da hepatite B (câncer de fígado) e vírus HTLV (leucemia e linfoma de célula T do adulto).

O câncer tem cura?
A postura da sociedade em geral é de acreditar que o câncer é sempre sinônimo de morte e que seu tratamento raras vezes leva à cura. Atualmente, muitos tipos de câncer são curados, desde que diagnosticados e tratados em sua fase inicial. Mais da metade dos casos de câncer têm cura.

Todo tumor é câncer?
Não. A palavra tumor corresponde ao aumento de volume observado numa parte qualquer do corpo. Quando o tumor se dá por crescimento do número de células, ele é chamado de neoplasia — que pode ser benigna ou maligna. Ao contrário do câncer, que é neoplasia maligna, as benignas têm seu crescimento de forma organizada, em geral lenta, e o tumor apresenta limites bem nítidos. Elas tampouco invadem os tecidos vizinhos ou desenvolvem metástases. Por exemplo, o lipoma e o mioma são tumores benignos.

Quem está sob risco de desenvolver câncer?
Qualquer pessoa. Como a ocorrência aumenta com a idade, a maioria dos casos acontece entre adultos acima de 40 anos. A chance de cada câncer se deve aos fatores de risco. Por exemplo, os fumantes têm 10 vezes mais chances de desenvolver câncer de pulmão quando comparados aos não-fumantes.

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