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segunda-feira, 6 de abril de 2009

Conheça a história de Tropelada, uma vira-lata de sorte



Qua, 01 Abr, 05h38

Por Isabel Malzoni/ Especial para o Yahoo! Brasil



Era uma noite bastante comum de um dia de semana quando motoristas na Rodovia Raposo Tavares presenciaram uma cena inusitada. Um homem saiu do seu veículo e parou o trânsito para ajudar um cão assustado a atravessar a pista. De seus carros, pessoas aplaudiram e parabenizaram o ato de compaixão do veterinário Márcio Carbuglio, de 29 anos. O cão seguiu pela outra margem da rodovia, são e salvo.

O que motivou Márcio foi evitar um problema muito comum entre os cachorros: os atropelamentos. Afinal, a terceira maior causa de morte canina em São Paulo, assim como é de se esperar em outras cidades grandes, são os traumas e acidentes. Como diz o professor de cirurgia veterinária do Hospital da USP, Cássio Ricardo Auada Ferrigno, atropelamentos lideram essa lista disparado, sendo bem mais frequentes que violência e quedas. São também a causa de até 20% das cirurgias realizadas no hospital, estima ele.

O veterinário Márcio, antes de fazer com que o cão chegasse a salvo do outro lado da pista, já havia resgatado cachorros que não tiveram a mesma sorte e foram atropelados. Entre eles, a cadela Tropelada (com 'T' mesmo), que está com ele há cinco anos. Ele estava saindo da mesma rodovia quando a viu sendo atingida por um carro. Parou para ajudar quando o motorista fugiu. O veterinário a amordaçou para evitar uma mordida e a levou para a clínica onde trabalha. Ela havia sofrido fratura no fêmur da pata esquerda e luxação na direita, portanto demorou para ficar boa. Quando ficou, Márcio levou-a para casa, onde cria mais três cachorros. Ele descreve a cadela como a mais alegre e obediente dos seus animais de estimação, esquecendo-se de citar as sequelas físicas bastante visíveis.

Tropelada deve saber que tem sorte. Apenas uma pequena parte dos cachorros atropelados chegam a um hospital ou clínica veterinária porque o resgate, além de ser perigoso, também acarreta em assumir o cão como sua responsabilidade, ainda que temporária, além dos gastos do tratamento. No caso de Márcio, o que o permite fazer essas boas ações é o fato de saber cuidar dos animais. "É muito raro um desconhecido encontrar um cão atropelado e resgatá-lo", afirma a veterinária Simone Franceschini, 32. "Acolhi uma cadela essa semana que foi encontrada e trazida pela mãe de uma veterinária". Simone diz que o tratamento não será cobrado já que a filha dessa senhora trabalha na mesma clínica, mas admite que, se fosse, não sairia por menos de R$ 800. Nem mesmo hospitais veterinários públicos, como o da USP, recebem cachorros tão machucados por caridade e sem que a pessoa que resgatou assuma o animal, já que eles são muitos, o tratamento é caro, demorado e ainda precisa-se encontrar um dono para acolhê-lo depois de curado.

Difícil sim. Impossível não

"Desci do carro para ajudar esse e outros cachorros porque eu estava ali. Não poderia ver um animal precisando de ajuda e simplesmente passar reto", diz Márcio sobre os cachorros que resgatou. Suas palavras poderiam ser ditas por muitas outras pessoas que amam animais e que certamente ajudariam a mudar essa situação, se soubessem como.

A primeira iniciativa é praticar a Posse Responsável. "A causa de tantos animais morrerem desse jeito é o abandono. Animal largado na rua está suscetível a ser atropelado. Não castrar os animais também aumenta a população canina que corre esse risco", diz o professor veterinário Cássio Ricardo. Se muitos donos não são responsáveis como deveriam, você pode adotar um cão abandonado e, provavelmente, salvá-lo desse destino.

Se puder, pare por um animal machucado e leve-o ao veterinário - boa parte das clínicas e hospitais veterinários praticam uma espécie de política de compaixão, o que significa que cobram muito menos em situações especiais como essas. No entanto, lembre-se que animais com dor podem ser agressivos. Faça uma mordaça com o seu cadarço para evitar mordidas.

Mesmo se não tiver condições financeiras, você pode ajudar. "Uma possibilidade é levar o animal para o Centro de Zoonoses", sugere o professor Cássio Ricardo. "Lá eles cuidam do acidentado e, quando não há tratamento possível, ele é sacrificado. Mas pelo menos não fica agonizando na rua", diz ele, que não consegue deixar um animal nesse estado e pára toda vez que vê um, ainda que seja para lhe dar um fim digno. Assim como nas cidades, levar para o Centro de Zoonoses é também a política de algumas concessionárias de estradas – outro cenário de muitos acidentes -, como a Ecovias. São resgatados por mês 190 animais em seus 177 quilômetros do complexo Anchieta-Imigrantes e desses 80% são cachorros, por exemplo. No entanto, eles oferecem o contato de seis veterinários da região para quem quiser resgatar um animal atropelado.

No caso de quem cuidaria de um cão machucado, mas não pode tê-lo em casa, a solução é encontrar para ele um dono depois de curado. Para isso, conte com o auxílio das ONGs de proteção animal. A Projeto Cel, por exemplo, organiza feiras de adoção de animais abandonados todos os finais de semana. "A maioria dos animais consegue sim arranjar um novo dono. Vale muito a pena salvar um cão ", afirma Eliete Brognoli, fundadora da ONG.

Embora o problema dos cães abandonados e com péssimas condições de vida ainda necessite de mais estrutura para ser solucionado, quem já cuidou e adotou um animal necessitado sabe que a gratidão deles faz realmente valer a pena. Então, o que você vai fazer da próxima vez que vir um cachorro machucado?



Gostou dessa história? Pedigree® acredita que todo cão merece um lar feliz e por isso lançou o projeto Adotar é Tudo de Bom para ajudar cães abandonados.
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