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domingo, 12 de abril de 2009

Doente de ciúme


Ele controla seus passos, implica com a sua roupa, e lhe afasta dos amigos? Cuidado, isto pode ser um sinal de ciúme patológico

Por Nathalya Buracoff


Foto: Getty Images



"Eu quero levar uma vida moderninha / Deixar minha menininha sair sozinha / Não ser machista e não bancar o possessivo / Ser mais seguro e não ser tão impulsivo / Mas eu me mordo de ciúme".

O trecho da música Ciúme, do Ultraje a Rigor, retrata algumas das características do comportamento típico de um ciumento: o sentimento de posse, a ira, a insegurança e a impulsividade. Segundo o chefe do serviço de saúde mental do Hospital Municipal Lourenço Jorge, no Rio de Janeiro, Leonardo Gama Filho, o ciúme é uma emoção humana muito comum, encontrada em diversas culturas. O problema é quando um ciúme normal evolui para um quadro patológico.

Um dos casos clássicos de ciúme doentio foi o crime passional que chocou a sociedade brasileira, em outubro passado, quando Lindemberg Fernandes Alves manteve a ex-namorada Eloá Cristina Pimentel em cárcere privado por 100 horas e a baleou com dois tiros, resultando na morte da adolescente. Segundo o noticiário dos jornais, ao chegar à cadeia, ele não chorou, não dormiu, não comeu nem bebeu. Apenas dizia repetidas vezes "Quero Eloá. Eu amo a Eloá. Ela é tudo em minha vida".

Causas
Segundo a psicóloga Lisies Jacintho, em um caso como este a sensibilidade da pessoa se altera porque ela não está centrada em si, captando tudo o que se passa com uma impressão distorcida do real. "Aí começa o tormento, de ir atrás de chifre em cabeça de cavalo. A pessoa controla tanto o outro que o empurra para fora de si, e se sente abandonado, rejeitado, passando a ter o outro como bode expiatório."

O ciúme é um cortejo de emoções que surge no indivíduo ao perceber alguma ameaça a um relacionamento íntimo. As definições de ciúme têm em comum três elementos: uma reação frente a uma ameaça percebida, a existência de um rival real ou imaginário e a reação de combate aos riscos da perda do objeto amado.

De acordo com a terapeuta Walnei Arenque, pessoas ciumentas costumam experenciar raiva, tristeza, inveja, medo, depressão e humilhação, além de grande ressentimento e complexo de inferioridade. Outras características são a preocupação excessiva com a imagem e a autocomiseração, que junto com os outros sentimentos, podem ocasionar sintomas físicos, como taquicardia, falta de ar, sudorese, aperto no peito e dores musculares.

Foto: Getty Images



O ciúme normal pode ser vivenciado com o medo de perder aquela relação. Já o ciúme patológico é o desejo de controle total do pensamento e do comportamento do outro. A psiquiatra, sexóloga e consultora do espaço Pink Chic, Rita Jardim, alerta que esse tipo de ciúme patológico pode ser alimentado pela própria vítima do ciúme, por acreditar que se trata de uma "prova de amor".

"O ciumento patológico apresenta características como a baixa auto-estima, comportamento impulsivo, agressivo e pensamento obsessivo e controlador. Essas pessoas começam a tentar limitar as ações da outra pessoa, como o contato com os amigos e familiares, em uma busca pelo isolamento afetivo e social, sempre com o discurso de ser o único que realmente a ama", afirma.

Para Rita, é fundamental ficar sempre atenta à relação e desconfiar quando o parceiro quiser monopolizar a sua presença. "Tudo começa com pequenos gestos de ciúme, como a forma de você se vestir, de falar e de agir. Cuidado! Isso não é amor. Com o tempo o respeito irá desaparecer. Estes são indicativos sérios.

O ciúme patológico também pode aparecer como sintoma de diversos quadros, como transtornos de personalidade, esquizofrenia, transtorno delirante e casos de dependência química. Enquanto o ciúme normal seria transitório, específico e baseado em fatos reais, o patológico é uma reação exagerada, infundada e desproporcional.

"O ciúme é um desajuste emocional. Não pode ser considerado algo normal, que faz parte de uma relação afetiva. Ele é antes de tudo, uma manifestação de insegurança, que acaba resultando no sentimento de posse que vai contra a força natural da vida e do amor", afirma a psicoterapeuta Maura de Albanesi.

Nesta situação, é fundamental a busca por um tratamento psicológico ou psiquiátrico, para que um profissional capacitado avalie e trate as verdadeiras causas. O ciúme patológico é doentio, mas pode ser secundário a vários fatores, como por exemplo, um individuo que tem disfunção sexual e reverte iseu problemas na forma de ciúme.

Ajuda especializada
As pessoas que apresentam sinais de ciúme descontrolado (ou que se relacionam com parceiros ciumentos), podem procurar ajuda grátis em grupos de apoio anônimos. O trabalho baseia-se no relato de pessoas que compartilham suas experiências frente a casos de desequilíbrio emocional e apóiam-se de forma mútua. No Brasil, os principais grupos que oferecem ajuda são o Co-Dependentes Anônimos (Coda), o Mulheres que Amam Demais (MADA) e o Emocionais Anônimos.

A lista abaixo, baseada na orientação do Coda, aponta os principais sinais de dependência afetiva:

Sinais de dependência afetiva

• Sentir-se completamente responsável por outra pessoa, pelos seus sentimentos, pensamentos, necessidades, vontades, bem-estar e destino.

• Sentir ansiedade, pena e culpa quando pessoas amadas têm problemas.

• Não saber dizer não. Aceitar tudo somente para agradar aos outros.

• Buscar desesperadamente amor e aprovação.

• Tolerar abusos e violências sem expressar seus sentimentos, para não perder o amor de outras pessoas.

• Tentar manter o controle sobre situações e pessoas por meio da culpa, coação, ameaça, manipulação e conselhos.

• Sentir medo da solidão.



Colaboraram:
Maura de Albanesi
Leonardo Gama Filho
Rita Jardim
Lisies Jacintho
Walnei Arenque

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