Ex-vice-presidente defendia parceria com Lula e transparência ao abordar doença
Do R7
Ricardo Stuckert/20.5.2010/PR
Alencar sobre o governo Lula: “Foi um governo que vai deixar muita saudade”
Empresário e ex-vice-presidente da República, José Alencar ganhou notoriedade, entre outros motivos, pela franqueza com que abordava sua luta contra o câncer.
Veja abaixo algumas das frases de Alencar sobre o tratamento contra a doença e a parceria com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre outros temas que marcaram sua vida.
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Em novembro de 2009, Alencar foi homenageado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Emocionado após o discurso de Lula, ele falou sobre a parceria entre os dois.
- Tenho consciência de que só sou vice-presidente graças a Lula. As pessoas não votam no vice, votam no candidato a presidente. [...] Tem valido a pena acompanhar seu admirável trabalho.
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Empresário de sucesso – ele foi o fundador da empresa têxtil Coteminas –, Alencar sempre criticou a taxa de juros cobrada no Brasil.
- Queremos que as pessoas estejam sempre em condições de consumir e comprar o que precisam. Para isso, as taxas de juros precisam cair. O consumidor não pode ficar pagando essa taxa que paga. Isso atrapalha o desenvolvimento do país.
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Em fevereiro de 2010, ao ser homenageado pelo Congresso Nacional, Alencar negou que tivesse medo da morte, ao falar sobre a doença que enfrentava desde 1997.
- Se Deus quiser me levar, ele não precisa de câncer pra isso. [...] Tudo indica que Deus não quer me levar agora.
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Em abril de 2010 Alencar desistiu de concorrer ao Senado. Segundo ele, não seria “honesto” com o eleitorado entrar em uma disputa consciente de que seu estado de saúde era frágil.
- Sempre disse que só aceitaria examinar uma candidatura se eu estivesse curado. Eu me sinto curado porque estou muito bem, mas continuo fazendo quimioterapia e não sei se seria honesto colocar o meu nome como candidato fazendo a quimioterapia. E eu não posso parar com a quimioterapia.
Naquela época, ele admitiu que o entristecia deixar a política.
- Meu futuro também não é tão longo e eu quero ficar mais livre também. Quando eu era senador frequentava normalmente um restaurante em Brasília, agora não posso mais fazer isso. Essa liberdade também é importante. De certa forma me entristece sair da política, mas no meu caso estou saindo. Mas estou feliz com a minha decisão.
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Em uma das vezes em que foi internado, em julho de 2010, Alencar disse que não mudaria sua alimentação, mesmo após ter sido submetido a um cateterismo para desobstruir uma artéria.
- Eu já tenho mudado muito a alimentação, mas como muita gente fala da minha resistência, eu digo que pode ser por causa da minha [má] alimentação. Ovo frito e carne de porco não fazem mal. Antigamente, só havia gordura de porco e ninguém morria assim.
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Em abril de 2010, o ex-vice-presidente contou que quase caiu no trote do falso sequestro. Alencar contou que pensou que sua filha havia sido sequestrada, mas disse que tentou manter a calma durante a negociação com o falso sequestrador.
- Eu fiquei altamente preocupado. Mas o papai me ensinou que o desespero não ajuda. Me mantive calmo. Agora está tudo bem.
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No ano passado, Alencar se viu em meio de uma polêmica. A Justiça de Minas determinou que o vice-presidente reconhecesse a professora aposentada Rosemary de Morais como sua filha. O processo corria na Justiça desde 2000. Ele, porém, recorreu e, em entrevista ao programa do Jô Soares, da TV Globo, disse que não iria “ceder a chantagens”.
- Não há uma pessoa que tenha dito que essa mulher foi vista comigo algum dia. Então como não há nenhum indício então as pessoas pegam por aquilo, ou fazem o DNA ou não fazem. [...] Então eu não vou me submeter a uma coisa dessa de forma nenhuma. Do contrário, todo mundo vai chegar e dizer você tem que fazer isso, fazer aquilo, com uma chantagem qualquer. E eu não estou habituado a ceder a chantagens.
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Em 1º de janeiro de 2011, Alencar, ainda hospitalizado, não pôde participar da posse da presidente Dilma Rousseff. Ele, contudo, vestiu um terno e disse que estava pronto para ir a Brasília. Debilitado, ele não pôde ir, embora sempre tenha dito que fazia questão de descer a rampa do Palácio do Planalto ao lado de Lula.
- Só não fui porque não me deixaram ir.
Naquele mesmo dia, Alencar resumiu sua participação no governo.
- Foi um governo que vai deixar muita saudade.
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No dia 25 de janeiro, aniversário da cidade de São Paulo, Alencar foi liberado pelos médicos para ser homenageado na prefeitura da capital paulista. Após receber uma medalha da presidente Dilma Rousseff, ele discursou e, mais uma vez, lembrou sua luta contra o câncer. Com a voz fraca e visivelmente debilitado, o ex-vice falou sentado em uma cadeira de rodas para cerca de 400 pessoas, entre elas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
- O período longo em que fiquei ativo me trouxe essa dificuldade de locomoção. Estou fazendo fisioterapia e estou melhorando. [...] Não posso me queixar, mas tenho de fazer a minha parte. Estou lutando para não morrer e estamos vencendo com a força de Deus. E seja qual for o resultado, será uma vitória nossa.
Em um momento de grande emoção, Alencar afirmou que seria um "privilégio" morrer naquele momento, depois de tudo que já havia enfrentado.
- Se eu morrer agora, é um privilégio para mim, que a situação está tão boa, que não tem como melhorá-la.
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