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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Uma mulher solitária na encruzilhada da vida.



Domingo de noite a mulher solitária encontra forças de recomeçar e vai dormir cedo, mesmo sem sono. Imagina que amanhã irá trabalhar, rever colegas e amigos para esquecer um pouco da solidão.
Segunda-feira é um dia trabalhoso. Quanto mais trabalho difícil, melhor. Ela gosta de fazer várias tarefas ao mesmo tempo. O desafio lhe salva o dia. Mostra que é forte, embora a sua fortaleza seja uma camada de verniz, nos seus medos.
Os dias se sucedem sem muita novidade. Uma alegria aqui, outra ali e muita decepção que a vida sempre oferece. À vontade de crescer ainda é presente. Mas a mulher solitária por si só não tem muitas oportunidades. Luta. Dá murro em ponta de faca. Arromba portas, mas as oportunidades lhe são tomadas. Ainda assim a mulher solitária não desiste. A idade já lhe pesa, não tem mais 20 anos e precisa renovar o corpo e a alma. Não desistirá nunca.
Sexta-feira: Um dia difícil para uma mulher solitária. O mais difícil de todos os dias da semana. O sol está radiante e não há calor excessivo por conta do inverno no nordeste. A mulher solitária pensa nos dois dias quase vazios que terá de enfrentar, no fim de semana. E, se chover? Ela se pergunta. E se a estrada para o sítio estiver ruim para a sua passagem? Vale a pena correr risco sozinha no meio de chuva? Novamente pensa.
A mulher solitária estremece. Será o medo de andar sozinha na estrada alagada? Ou é medo de estar desejando a falta de chuva no sertão? O que será de seu jardim? As flores estão tão lindas! A mulher solitária não sabe as respostas. Achou-se egoísta de estar pensando só no seu bem estar.
A ida ao sítio todo fim de semana tem lhe feito bem. Se sente livre e admira a beleza das árvores da floresta e das flores que plantou, no jardim. Refaz o pensamento e prefere que chova. Na chuva pode continuar a povoar o pátio de flores e fará mais bem do que mal.

A mulher solitária apaixonou-se pelas Graxas. Não há flor melhor para aliviar a sua solidão. Como ela, a flor é delicada, só vive um único dia, mas a planta é forte, suporta frio, calor e vento e não desiste de continuar lançando mais e mais flores, fazendo o seu papel de florir o jardim. A Graxa é guerreira, como a mulher solitária. A Graxa é humilde, mesmo tendo nascido Hibisco. A mulher solitária sorrir a cada flor que se abre e a cada nova flor que descobre. E sabe que a flor é mais feliz quando é chamada de Graxa.
Sexta-feira realmente é o seu pior dia. Sai do trabalho mais cedo. É o que está determinado no seu expediente. Mas a mulher solitária não tem pressa. Às vezes perde a hora e, chega até mais tarde do que o costume, tentando reduzir a solidão do fim de semana. Completa as tarefas da rotina ou adianta as da semana seguinte. Por que ter pressa? Não há emoção de sair mais cedo e admirar o pôr do sol com o amado, no sítio. Não há amado para encontrar no seu retorno para casa. Seu amor está longe. Foi embora para outra América, lá no Norte e, não quer mais voltar. Não há amor agora. Seu coração cicatriza as feridas.
A mulher solitária, chega em casa ainda com raios de sol avermelhado no céu. Cansaço. Não é cansaço real. O trabalho é bom e criativo. Não sobrecarrega o corpo ou a mente. O cansaço vem da certeza da noite vazia que vai enfrentar.
Não há vontade de preparar uma refeição. Nem mesmo um lanche. Não há vontade de nada. O corpo é jogado no sofá e nas mãos há uma fruta ou um suco. A TV é ligada. São quarenta canais para navegar, mas não há nada que lhe prenda à atenção. Troca apenas por trocar, sem parar em nenhum deles. Vontade de trocar o canal também se vai. A mulher solitária deixou no canal de futebol, sem ao menos gostar do esporte. Não via a imagem. Sentia apenas a sua solidão.
A mulher solitária sente vontade de sair. Sozinha? Ela vai se sentir novamente uma rejeitada e sem dono. O que fará na rua? A mulher não sabe mais seduzir. Não bebe, não fuma, já desaprendeu a dançar. Não há o que fazer na rua. Ouve conversas lá fora. Não distingue pessoas, não entende o que falam.
A mulher solitária está pensando no amado, que se foi para o norte. Para norte da América do Norte. Parece-lhe tão distante a redundância, que a mulher chora. Chora de alegria ao lembrar do longo telefonema que ele lhe fez. Há razão para passar um fim de semana menos angustiada. Há esperança de tê-lo convencido a voltar e viver um amor eterno. A mulher solitária pensou que o seu amado ligou só para saber notícias.
A mulher solitária sonha em vão. Não há amado. Não há telefonema. Ela sonhou com um amado inexistente. A mulher solitária continua só.


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